Durante alguns anos trabalhei como CTO e fiz a gestão de produto da minha empresa desenvolvendo novas funcionalidades e ideias de novos produtos acreditando que isso ajudaria a aumentar a retenção e reduzir o churn.
Algumas vezes parecia que tínhamos acertado, mas era muito difícil fazer uma conexão direta à entrega da nova funcionalidade ou produto ao aumento da retenção.
Outras vezes o resultado era muito frustrante🤬, tanto pra mim quanto para meu time. Depois de semanas ou até meses de trabalho intenso, quando a funcionalidade era lançada, não conseguíamos ver nenhum resultado de todo aquele esforço. Além disso, a partir daquele momento teríamos mais uma coisa para dar manutenção. E assim seguia o "Ciclo da Morte do Produto":
Ninguém usa nosso produto > Perguntar aos clientes quais funcionalidades faltam > Construir novas funcionalidades > Ninguém usa nosso produto
A saga por profissionais de produto e tecnologia
Para piorar a situação, contratar pessoas de produto e pessoas programadoras está ficando cada vez mais difícil e mais caro.
Quando acreditamos que entregar mais funcionalidades é a solução para gerar impacto no negócio, naturalmente acreditamos que contratar mais pessoas é a solução para entregar mais.
Como diretor de tecnologia, começou a ser um fardo muito grande ter que "equilibrar os pratos" de:
- contratar mais profissionais, que estão cada vez mais escassos no mercado e custando mais;
- gerir um orçamento apertado;
- manter um time de quase 20 pessoas motivado para não irem para outras empresas maiores, que pagam mais e vivem os assediando no LinkedIn;
- gerir o produto de modo que atenda às necessidades do cliente e gere o resultado esperado pela empresa e investidores.
🚮 Garbage in, garbage out
Aprendi no filme/livro "A Meta" que devemos ter um controle de qualidade antes do gargalo de um processo, assim garantimos que matéria prima de baixa qualidade não ocupe o tempo daquele recurso que já é escasso.
Você pode contratar as melhores designers e programadoras do mundo. Se o produto planejado não tem ligação direta comprovada com o objetivo de negócio, no fim você terá o produto mais bonito e mais bem programado do mundo e continuará sem resultado e com um time desmotivado. Então comecei a me questionar:
- Por que gastar tanta energia tentando contratar mais pessoas se boa parte esforço do time que já temos não gera o impacto esperado?
- Por que não investir mais energia em reduzir a incerteza de impacto e então desenvolver apenas o que temos mais confiança que trará os resultados esperados?
- Será que existe uma forma melhor de fazer a gestão de produto?
Gestão Moderna de Produto
Tentando responder estas questões que encontrei a Gestão Moderna de Produto. Uma disciplina amplamente difundida no Vale do Silício há anos.
Como muitas outras disciplinas, por exemplo o marketing digital, por causa da barreira da língua vem chegando no Brasil de forma lenta, mas depois com muitos conteúdos traduzidos e acessíveis explode e vira padrão de mercado.
Percebendo esta movimentação, decidi tirar meu chapéu de CTO e investir os últimos 12 meses da minha vida em um semi-sabático me recuperando de um burnout enquanto estudava e experimentava com empresas parceiras metodologias de Gestão Moderna de Produto para aumento de retenção.
Foi assim que surgiu a ProductGrowth.ai.
Precisei de um burnout para descobrir que ser um diretores de empresa em crescimento não precisa ser sempre um sufoco
Não é moleza ser um diretor em uma empresa em alto crescimento. Para mim, tinha dias que era difícil respirar.
😰 Struggle
Depois de mais um burnout, aprendi que este sufoco é excesso de estresse. O estresse acontece nos momentos de indecisão.
Por exemplo, quando temos 10 vagas, não está sendo fácil preenchê-las, além de termos 10 grandes decisões em aberto, existe uma grande pressão sobre nós para a entrega de resultado na empresa.
Enquanto não tomamos uma decisão sobre algo, estamos produzindo estresse. No momento que a decisão é tomada, ficamos livre disso.
Uma forma de reduzirmos o estresse, é adotando Modelos Mentais.
Modelos Mentais
Jason Fried - CEO @ Basecamp, chama Modelos Mentais de Receitas, em seu livro O Trabalho Não Precisa Ser Uma Loucura. O investidor Ray Dalio chama de Princípios. Aqui vamos chamar de Playbooks.
Modelos Mentais são como receitas que nos dão a capacidade de direcionar, simplificar e organizar nosso raciocínio. São caminhos pré-definidos, com padrões de tomada de decisões baseado em condições pré-definidas já validadas anteriormente.
Ter um modelo mental é como dar um ✅ check em em uma decisão complexa que precisamos tomar. Cada vez que damos um ✅ check em uma tarefa complexa, nosso cérebro libera uma grande quantidade de endorfinas, que agem como um analgésico natural, reduzindo o estresse e ansiedade.
🧠 Inteligência Aumentada
Toda vez vamos sair de carro, precisamos tomar inúmeras decisões, desde qual rota pegar até qual rua virar para desviar de um congestionamento. Quando utilizamos o Waze, damos um ✅ check imediato neste trabalho. Ele nos apresenta uma rota previamente testada e comprovada que tem mais chances de ser melhor que as outras no momento, além disso nos ajuda a tomar decisões durante o trajeto, fazendo com que dirigir seja menos estressante.
Utilizando ferramentas como o Waze, temos nossa Inteligência Aumentada. O Waze nos dá as sugestões, mas nós, seres humano, que escolhemos se seguimos a sugestão. Ele te dá a capacidade de tomar uma decisão baseada no trânsito a quilômetros de onde você está, sem você sequer precisar saber de toda esta informação.
Assim como dirigir fica mais fácil com Waze. Dirigir seu produto pode ficar muito mais fácil utilizando Modelos Mentais e Inteligência Aumentada.
Referências
This is the Product Death Cycle. Why it happens, and how to break out of it at andrewchen - Andre Chen
O trabalho não precisa ser uma loucura - Janson Fried e David Heinemeier
Princípios - Ray Dalio